sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

CAPRICHOS DO CORPO

As vezes sinceramente penso se devo levar esse raio de vida tão a sério. Não é possível!

Minha mãe fala que sou uma pessoa especial, mas to começando a acreditar que tenho algo anormal em minha constituição física, psíquica, mágica e porque não espiritual. Vejo o resto da humanidade levando vidas totalmente normais. Digo por normais as pessoas que bebem, usam drogas, dormem pouco, tem profissões estressantes, enfim, as características que igualam a grande parte das sociedades. Mas parece que meu corpo e todas as forças interplanetárias, não me permitem fazer parte desse grupo, e fazem uma espécie de bullyng comigo. Minha mãe também acha que eu sou o homem mais boêmio que existe no Rio de Janeiro, talvez só comparável a um Noel Rosa. Longe disso, minha vida noturna é quase a de um senhor de 80 anos que sai alguns dias da semana para dançar.

Mas quando nosso corpo começa a apresentar mais exigências do que possibilidades, e eu ainda não passei dos 80 anos, é preciso pensar em quais caminhos podemos seguir para saciar as necessidades desse corpo cheio de vontades. E antes que alguém pense, não. Não estou grávido.

Já sigo uma linda religião e a pratico com respeito, consciência e amor. Eu me considero uma pessoa ética (dá até vergonha de falar isso hoje em dia) e que não faz o mal para ninguém (ops, outra coisa que devo me envergonhar?). Bom amigo, bom filho, bom homem, alguém que tenta levar a vida da melhor maneira, para si e para os outros. É verdade, sou debochado e sarcástico, mas quem observar direito vai ver que só faço isso para rir de mim mesmo, porque na verdade gosto de rir das minhas piadas porque elas me fazem sentir engraçado.

As vezes penso em virar monge, mas confesso que celibato o corpo ainda não tá exigindo. Outras penso que vou ficar louco, dar um enlouquecida definitiva e poder viver na doce liberdade que só os malucos podem gozar (sei que isso é mentira, que há muito sofrimento nisso. Mas o pensamento é meu então deixa eu achar que ser louco é poder fazer o que quiser.). Penso se devo procurar formas de meditação, de encontro com o meu eu, de harmonização. Mas a verdade é que não acredito muito nisso. Somos caóticos por necessidade e por característica. É o caos que move, a insegurança que avança e a necessidade que cria.

As vezes penso também em largar tudo e ir viver no meio do mato, me entregando a mágica simplicidade da vida rural. Mas em 5 minutos me dou conta de que isso também é tudo romantismo baseado em Monteiro Lobato, Almeida Junior e Mazzaropi. E penso, penso, penso qual são os caminhos que meu corpo quer que eu siga.

É óbvio que não faltam pessoas cheias de sugestões. Os seres humanos são dotados de polegares opositores e da capacidade em resolver o problema da vida, dos outros. Como amigo devotado, sempre ouço. Ouvir é a faculdade que nos faz viver em sociedade, muito mais do que falar. É só trabalhando essa capacidade que podemos manter harmônicas nossas relações sociais.

Depois de tanto raciocínio, em vão é obvio, nenhum caminho parece claro. E o corpo ainda a pedir com a mesma persistência de uma criança mimada. Começo a rir olhando pro teto e chego a conclusão de que pensei demais. E pensar demais não serve para nada, é só um jeito que nós seres humanos achamos para nos sentirmos mais especiais que os pobres macacos. Pensar e levar a vida tão a sério deve ser uma tremenda bobagem. Somos partículas criadas para sermos felizes e dar risadas. Se não for pra isso não tem o menor sentido. Se não for por isso não tem o menor sentido. Então eu vou rir de tudo isso, e se meu corpo reclamar, vou rir dele também... rir e rir até ele cansar de bancar o sério e começar a rir comigo. E vamos sentir nossas bochechas doerem de felicidade. Porque nada mais faz sentido, senão ser assim.