Moço,
por favor suspende o café! Não tá dando para viver com o coração batendo
acelerado desse jeito. Tem vezes que parece que vai explodir o peito, criar asa
e virar passarinho. Não. O café só faz piorar tudo isso.
Moço,
por favor, suspende esse cafezinho! A cafeína é boa para acordar, mas tem hora
que a gente precisa mesmo é ficar quietinho e aprender com o barulhinho do
vento. E tem mais. Ninguém consegue pensar nessa agitação toda e às vezes a
gente tem que pensar, até pra pensar que isso vai resolver alguma coisa.
É moço, hoje não vai ter
cafezinho não! É que café parece que rouba a atenção da gente. Faz o caboclo
ficar agitado, e sair ligeiro querendo sarar todos os problemas da humanidade.
Eu tô precisando é desatentar e ver que o que não tem solução solucionado está.
Mas
moço, e se a gente pingar o café? É moço, pingar. Aqui no Rio a gente chama
assim: pingado. É isso moço! Me dá um pingado, mais leite por favor. Não
moço... bem mais clarinho, mais clarinho pra ver se me acalma. E olha que nunca
fui chegado a tomar leite. Mas não é verdade que acalma mesmo. To melhor. Deve
ter a ver com coisa de mãe né? Porque não tem nada melhor pra acalmar do que
colo de mãe. Às vezes parece que a gente fica correndo, correndo, tonto sem
entender nada, mas quando cai no colo da mãe tudo se resolve. Essa idéia de
pingar o café foi boa. Obrigado moço. To calmo agora.
Mas perai moço, o senhor ta querendo me enrolar? O que o Senhor quer? Quem disse que eu quero ficar calmo? Quem disse que eu quero ver a vida passar deitado no colo da minha mãe? O que? Café? Que história de café coisa nenhuma, sai com isso pra lá. Não preciso de nada disso. Preciso só parar de tentar frear a vida a todo custo. Não beber, não fumar, não pensar, não sofrer, não chorar, não amar. Chega. Quero mais é abrir esse peito-gaiola e deixar bater asas meu coração-passarinho. Voar, voar, voar. Até fazer ninho de alegria em um sorriso-flor.
Mas perai moço, o senhor ta querendo me enrolar? O que o Senhor quer? Quem disse que eu quero ficar calmo? Quem disse que eu quero ver a vida passar deitado no colo da minha mãe? O que? Café? Que história de café coisa nenhuma, sai com isso pra lá. Não preciso de nada disso. Preciso só parar de tentar frear a vida a todo custo. Não beber, não fumar, não pensar, não sofrer, não chorar, não amar. Chega. Quero mais é abrir esse peito-gaiola e deixar bater asas meu coração-passarinho. Voar, voar, voar. Até fazer ninho de alegria em um sorriso-flor.