quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Amor de mãe



          Ventre do meu ventre. De que maneira você cresceu assim tão rápido e de água virou copo? Onde foi que me perdi? Ainda tenho a sensação que vou encontrar aquela sua boneca preferida no meio do seu armário. Que nada! Ontem o meu sapato era brincadeira e hoje sou que te peço o batom emprestado. Minha menina. Por que hoje, vendo você sair de casa, eu me lembrei da dor do parto? Logo eu, que tanto insisti pra você arrumar o quarto. Mas vai filha minha, desmancha teu ninho e voa. Vai viver ilusão porque um céu se faz de nuvem. Vai ser mulher que eu vou estar sempre aqui sendo mãe.Vai que um dia você vai entender.


         Que saco! Como pode uma pessoa que a gente  ama tanto ter a capacidade de nos tirar do sério em tão pouco tempo. Eu cresci, aceita isso! Não sou mais a menininha que brincava com o seu vestido. Quero ser eu, me descobrir, e com você me amando assim não dá! Mas também não precisa chorar, você sabe que não foi isso que eu quis dizer. Mas é que você fala de um jeito, que sei lá, me deixa tão confusa. Tem horas que eu não sei quem tá falando, se sou eu ou se é você. E me dá um medo de não saber ser eu sem ter você por perto, entende? Medo de ficar sem colo, sem ombro pra chorar. De nunca mais poder ser menina de novo. Eu vou mãe, eu quero ir. Quero descobrir tudo que a vida tem pra me dar. Eu vou ser feliz mãe, eu sei que vou. Mas posso pedir um favor, um último favor? Não desmonta meu quarto, não dá minha boneca nem me nega seu colo. Não sei ser eu sem você mãe, não sei. 

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